segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

CONTATOS


Eles já estão entre nós!
Não é difícil percebê-los.
São facilmente identificáveis perambulando a esmo nas ruas e aeroportos ou simplesmente curvados em seus assentos nos teatros e nos cinemas, com seus trejeitos de literais zumbis, olhando fixamente e apertando as teclas de um pequeno objeto que emite sons e luzes o qual, acredita-se, seja uma espécie de coração artificial desses alienígenas, pois, constata-se nitidamente o desespero e a ansiedade quando não estão em simbiose com o funesto acessório.
            Ultimamente têm sido vistos em bares e restaurantes, reforçando a suspeita de que se alimentam das vibrações daquele pequeno aparelho, sendo que, as refeições que aparentemente ingerem, são expelidas, posteriormente, em lugares previamente preparados por Gestores Públicos já abduzidos e devidamente cooptados, como, por exemplo, o Rio Tietê, a Baia de Guanabara e outros ambientes da mesma classe de excrementos.
            Muitos deles já perceberam que podem ser desmascarados, e se escondem, então, dentro de automóveis, onde fazem de tudo para não serem notados. Disfarçam-se atrás de vidros fumês, conectam-se a “viva-voz”, entre outros truques, mas podem ser detectados quando flagrados por algum policial e, no intuito de não serem descobertos, contam mentiras infames.
            Veja só, como se aqui fosse um planeta habitado por hipócritas!
            Minhas investigações ampliaram meu leque de suspeitas quando descobri que alguns deles chegam a dormir acoplados àqueles equipamentos. Em princípio, achei que este tipo de “recarga noturna” fosse uma maneira de nos ludibriar, já que assim seria desnecessário o seu uso a luz do dia, porém, esses espécimes também se mostraram dependentes daqueles dispositivos nos demais períodos do dia. Possivelmente sejam alienígenas mais refratários ao nosso habitat, necessitando assim de cargas mais constantes.
            Mas a maior prova dessa invasão interestelar é a atitude notadamente insana que muitos deles propiciam quando tentam mostrar que aquele utensílio seria uma espécie de, pasmem, t-e-l-e-f-o-n-e: sistematicamente, algum “mala” interplanetário (disfarçado, logicamente), para num lugar público, ensaia uma “cara de paisagem”, se posiciona propositalmente junto a um aglomerado de pessoas, apesar da proximidade de lugares mais reservados, coloca aquele apetrecho no ouvido e começa a gesticular e a gritar, falando em alto e bom tom sobre o fechamento fictício de algum grande negócio ou qualquer outro assunto desinteressante para os forçados ouvintes!
            São muito imbecis esses ETs!
            Que Ser humano seria idiota a esse ponto?